Saiba como foi a Primeira Conferência Municipal do Esporte

O Guarulhense realizou nesta quarta-feira (21), a Primeira Conferência Municipal do Esporte. Transmitido ao vivo via Facebook, o evento contou com a presença de mais de 40 pessoas, sendo sete candidatos a vereador e um representante do prefeiturável Guti, Wilson David. Carlos Roberto e Martello justificaram as ausências através da assessoria, alegando compromissos já marcados anteriormente.

Às 20h, Carlinhos, tesoureiro do Galo, abriu a noite agradecendo os presentes e lamentando a falta de um público maior. “Temos 300 equipes na Liga Ponto de Encontro e quase 200 atletas no Guarulhense. Tem um jogador aqui e um técnico e quatro equipes da Liga. Muita gente reclama demais e, agora que queremos mudar a situação, não nos ajudam. Como vamos melhorar as coisas? Nós, esportistas, não somos unidos, por isso as coisas chegaram ao ponto que estamos”, resmungou.

Lucas Canosa, assessor do Atlético, abriu o debate com o tema “ginásios”. O primeiro a falar foi Wilson David, ex-atleta olímpico, candidato a vereador e representante de Guti. Ele ressaltou a importância da Conferência, contou um pouco de sua história e cobrou atitude das autoridades. “É triste ir ao João do Pulo, como fui; ver a situação da Ponte Grande (estádio) e saber que o Thomeuzão serve para Bolsa Família, mas não pode sediar um jogo sequer, devido às condições. Precisamos de parcerias público-privadas para recuperar nossas praças esportivas. Precisamos abrir os CEUs para a população, mesmo que as quadras tenham sido construídas sem recuo, equivocadas”, disse o ativista esportivo.

Foto: Lucas Canosa

O segundo a tomar a palavra foi Thiago Torto, também candidato a vereador, que parabenizou os presentes e atacou o fato da cidade não segurar os esportistas. “Vejo a luta do Carlinhos, do Guarulhense, das demais entidades, contudo é muito complicado. Nós temos inúmeros talentos, que vão embora para outros municípios. Guarulhos não segura ninguém. E quem quer trabalhar de graça?”, indagou.

O professor Silas, funcionário da Secretaria do Esporte pediu para que ninguém generalizasse a situação. “Nós temos muita gente trabalhando dentro do órgão. Vi professor comprando bola pra dar aula. 90% ali é honesto, não tenham dúvidas. Porém, não temos dinheiro. Nossos ginásios estão condenados, precisamos de uma arena multiuso, com 4 ou 5 quadras, para prática de diversas modalidades, de forma moderna”, sugeriu.

A fala do professor foi rebatida por Wilson, em seguida: “Com todo respeito que tenho por você, Silas, eu sei que 90% dentro da Secretaria é honesto, mas quem manda são os outros 10%. Hoje, apenas 0,29% do orçamento de Guarulhos é destinado ao esporte, desse gasto, 90% vai para pagamento da folha salarial. Com apenas 1%, dava pra fazer muita coisa boa”, provocou.

Em seguida, o candidato Cidão Jesus foi ao púlpito falar da sua relação com o esporte. “O Carlinhos me conhece, tenho time na liga, luto há anos pelo esporte. É muito difícil, por outro lado. Eu moro no Pimentas e lá não tem um ginásio sequer, a gente acaba usando escola pública”, denunciou.

Luiz Carlos, diretor da AVOG, time de voleibol da cidade, se levantou e denunciou um momento triste que ele presenciou recentemente. “Todo mundo sabe da situação da Ponte Grande. Era impossível treinar lá durante a noite. Então, fomos pedir para, pelo menos, iluminarem a quadra. Nos informaram que seria impossível, que o orçamento era de R$ 140 mil para fazê-lo. A AVOG fez uma vaquinha com alguns pais e gastamos um total de R$ 5 mil para fazer exatamente o que a Secretaria gastaria R$ 140 mil. Um morador de rua, certificado, fez tudo pra gente. A quadra está totalmente iluminada”, relatou.

Para finalizar o tema, o professor Rogério Marques, diretor do Estrela, equipe de futsal feminino, também falou um pouco de sua história dentro de Guarulhos e citou outro município próximo como modelo esportivo. “Necessitamos parcerias com a educação. Além disso, o cargo de secretário não pode ser político. Guarulhos precisa de um educador físico e também administrador no comando do Esporte. Eu vejo Jacareí como modelo nesse quesito”, comparou.

Passando para as considerações finais, Lucas Canosa pediu aos presentes que usassem o microfone para falar de suas propostas, citando a situação das equipes da cidade, as obras e as verbas do Esporte. O primeiro, novamente, foi Wilson David, que lembrou que as academias populares são instaladas pela Secretaria da Saúde e que, com uma verba maior, dá para arrumar muita coisa e, por fim, relatou que muitos dos nossos atletas disputam competições oficiais por Guararema, uma cidade muito menor que Guarulhos, porém com mais investimentos na área.

Rogério, do Estrela, ainda sugeriu que a Prefeitura, mesmo não colocando verba do bolso, poderia sim facilitar esse caminho para os times. “Se eu conheço cinco empresas, a Prefeitura conhece muito mais. Por que não ajudar?”, finalizou.

Gilson Del Santo, professor da AVOG, foi em uma linha ainda não vista no debate e provocou. “Vejo muitos aqui hoje. Como será depois das eleições? Quem, de fato, vai defender a bandeira do esporte?”, questionou.

Rudá Costa, técnico do sub-17 do Guarulhense, falou da sua OnG, localizada no bairro do Cabuçu. “É um trabalho com dezenas de pessoas, mas muitas vezes trabalhamos sem as mínimas condições. Cansei de chegar no local com quadra suja, com usuários de drogas. Além disso, o professor agradeceu a oportunidade: “Eu defendo a qualidade, não a quantidade. Foi muito bom estar aqui e discutir. Espero que o próximo prefeito ajude os clubes e as OnGs”, concluiu.

Lucas Canosa retomou a palavra, agradeceu aos presentes, que no frio foram brigar pelo esporte e citou a luta de Carlinhos com o evento. “Isso aqui não é político. É que realmente a situação está grave. Vejo o Carlinhos, Índio, Paizão, Marjorie, Biton e tantos outros batalhando diariamente no Guarulhense. Nos outros clubes, com certeza, a situação não é diferente. Em um ano, como jornalista, fiz seis matérias sobre a situação da Ponte Grande e só agora, com verba da AVOG, arrumaram a iluminação da quadra, pelo menos. O Luiz, diretor, informou que gastariam R$ 140 mil, ele fez por R$ 5 mil. Que cidade é essa?”, questionou. O assessor ainda pediu que o voto seja ideológico. “Todas as brigas, pela saúde, educação, segurança, são importantes, mas poucos brigam pelo esporte. Precisamos eleger um, pelo menos”, disse.

Por fim, Carlinhos fez questão de citar um por um e lamentou novamente as ausências não justificadas. “Não vamos chegar a lugar algum sem a união. A cada dia é mais difícil fazer essas coisas. Mas, quem sabe, no segundo turno, tentamos de novo”, pontuou.

Foram convidados todos os candidatos a prefeito de Guarulhos na eleição de 2016, representantes de entidades esportivas guarulhenses, além dos deputados estaduais e federais da cidade. Contudo, qualquer cidadão pôde comparecer à Conferência, que foi finalizada pontualmente às 22h. A transmissão na íntegra está disponível na page oficial do Galo.

Com informações e foto: Lucas Canosa

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