O futsal australiano forma profissionais dentro e fora das quadras

O Check-in Futsal está de volta para contar uma história de muito trabalho dedicado ao futsal dentro e fora das quadras. O bate-papo exclusivo de hoje é com André Caro, que nasceu e cresceu em São Paulo. Aos 16 anos, saiu do Brasil rumo à Espanha. A experiência durou um ano e ele voltou ao solo brasileiro. Aos 19 anos a vida deu uma outra chance e o check-in definitivo foi parar na Austrália.

No Brasil ele jogou pelo Guarani, Campinas e Pulo do Gato. Na Espanha pelo Málaga. Na Austrália pelo Inner City, East Coast Head FC, Victoria Representative Team, Fremantle Muita Calma. Atualmente defende as cores do Pascoe Vale FC.

Futsal em Pauta: Seu primeiro país fora do Brasil foi a Espanha, um dos lugares mais conhecidos no futsal. Como foi essa experiência?
André Caro:
“Foi muito valiosa e sem dúvidas me ajudou muito na minha formação como jogador. É um país que valoriza muito os profissionais da área, principalmente os treinadores. Tive o privilégio de trabalhar como o treinador Jose Venâncio Lopez, da Espanha, quando o trouxemos para a Austrália em um seminário para treinadores Australianos. Sem dúvidas a Espanha tem uma escola tática com profissionais altamente qualificados que fazem do espanhol um modelo para todo o mundo, incluindo o Brasil.”

F.P.: Você sentiu diferença quando chegou na Austrália? Mudou algo em relação à Espanha?
A.C.:
“ A principal diferença foi na cultura de cada país. No Brasil você nasce e cresce assistindo e jogando futsal ou futebol. Já na Austrália as crianças assistem o futebol australiano ou o rúgbi na TV. Mas como é um país que apoia muito todos os esportes, eles favorecem bem o futsal. Quando cheguei a modalidade estava engatinhando ainda. Durante muito tempo tive que jogar e treinar a equipe ao mesmo tempo, o que me fez estudar muito o futsal e aprender habilidade que nunca iria ter no Brasil.”

F.P.: Profissionalmente falando, como é o futsal australiano?
A.C.:
“É uma das principais diferenças com o futsal brasileiro, pois na Austrália os atletas não recebem para jogar, recebem para trabalhar. Ou seja, sendo treinador de crianças, organizando competições, sendo árbitros de ligas menores ou na parte administrativa do clube. Isso ajuda muito na formação profissional de cada atleta.”

F.P.: E o André, o que faz na Austrália?
A.C.:
“Administro um centro de Futsal: Futsal Oz. Organizo competições amadoras, crio programas de treino para crianças, trabalho com folha de pagamento, contrato funcionários e tudo que envolve um centro de futsal.”

Andre Caro (1)F.P.: E como é a cultura australiana?

A.C.: “É um país multicultural, com pessoas de todas as partes do mundo. Sendo assim tive que aprender a conviver com pessoas com hábitos totalmente diferentes das dos brasileiros. As vezes coisas que parecem ser essenciais pra nós, pra eles parece não ser tão importante. Mas tem costumes bons, como fazer churrasco com amigos no parque público, não trancar a porta de casa, dirigir na madrugada, e outras coisas que no Brasil seriam impossíveis de fazer.”

F.P.: E a sua alimentação mudou?
A.C.:
“Bastante. Tive que mudar o costume de comer arroz e feijão para aprender comer comida italiana, chinesa e japonesa.”

F.P.: Você mora em Melbourne, como é o clima?
A.C.:
“Aqui fica no sul da Austrália, é a cidade mais “européia”, com temperaturas que chegam a 40 / 45 graus no seco verão e invernos longos e úmidos com temperaturas de 0 /10 graus.”

F.P.: Como é o tratamento do torcedor com os estrangeiros do time?
A.C.:
“É bem especial. Os australianos sabem da diferença dos estrangeiros e por isso o valorizam. Sabem que cada um deles traz uma parte do futsal para a Austrália.”

F.P.: O que você acha que mais é diferente com o futsal brasileiro?
A.C.:
“Na parte técnica. O futsal daqui é mais forte fisicamente e em alguns pontos táticos também. O Brasil ainda depende muito do fator individual do atleta para decidir partidas e campeonatos.”

F.P.: E o André, tem vontade de voltar a jogar no Brasil?
A.C.:
“Sem dúvidas. Mas hoje está difícil de acontecer. Estou muito bem acostumado depois de cinco anos já. Tenho um carinho muito grande pelo país que me acolheu e me deu muitas oportunidades. Ano que vem me torno até cidadão australiano e assim terei a oportunidade de representar a Austrália.”

Por Tamiris Dinamarco / Fotos: Divulgação

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