Há 10 anos fora do país, atleta brasileiro conheceu a guerra de perto

Aos 19 anos, o menino que morava em São Paulo embarcou para uma longa jornada fora do seu país. Era o futsal mudando a vida de mais um atleta brasileiro. Uma década depois, Rodolpho Costa  relembra um pouco desses momentos.

Mas antes de sua aventura começar, o atleta passou por equipes como AABB/Mapfre e Suzano Futsal. Fora da ‘Pátria Mãe’, um currículo diferenciado: Iberia Star (Geórgia – Rússia), Ekonomac (Sérvia), Ugaran (Ucrânia) e desde 2013 atua no Bank ofBeirut Sport Club (Beirut – Líbano). Com contrato até Fevereiro de 2013, o atleta tem pretensões de permanecer fora do país.

Futsal em Pauta: Com tantos clubes, vieram muitos títulos?
Rodolpho Costa: “Em 2007, 2008 e 2009 fui campeão na Geórgia e artilheiro dos três campeonatos. Em 2010,2011 e 2012 fui campeão da Sérvia e em 2013 vice-campeão da Ucrânia. Nas temporadas 2013/2014 e 2014/2015 campeão no Líbano e da Tríplice Coroa.

F.P.:Ainda ficou faltando um título da UEFA então?
R.C.:
“Consegui chegar nas oitavas e quartas da UEFA, o título ainda não veio. Eu sempre joguei com cerca de mais três brasileiros essa competição e sempre pecamos um pouco na hora de avançar de fase. Os times que são campeões sempre vem “pesados” para a disputa, exemplo são as equipes do Dínamo, Barcelona e o Kairat. Mas só de estar na UEFA, a experiência é enorme.”

F.P.:Você passou por vários países, como foi na Geórgia?
R.C.:
“Foi o primeiro país e uma experiência boa e com muitos desafios. Começando que eu não sabia o idioma de lá e não conhecia ninguém. Mas me receberam muito bem e por assim fiquei três temporadas e tendo a chance de participar de três UEFA.”

F.P.:Você presenciou uma situação de Guerra em 2008?
R.C.:
“Não dá pra esquecer, mesmo que foi durante uma semana, marcou. Foi na Geórgia que aconteceu a guerra da Rússia contra a Geórgia, eu e mais três brasileiros não conseguíamos dormir. Tinham caças passando por cima do nosso apartamento e bombas explodindo o tempo todo. Tivemos que sair de lá e ir até outro país, que fica do lado da Geórgia, para que ficássemos bem. Graças a Deus deu tudo certo e hoje ficou apenas na lembrança.”

F.P.:Depois você foi pra Sérvia?
R.C.:
“Isso. Fiquei por quase quatro temporadas na Sérvia e continuei participando da UEFA. É um país bem receptivo e tranquilo com uma culinária muito boa. Aprendi muita coisa nesse tempo por lá.”

F.P.:E logo depois veio a Ucrânia?
R.C.:
“Foram 7 meses e outra grande experiência. O campeonato é muito bom, com muitos estrangeiros, mas não conquistei nenhum título por lá.”

F.P.:Atualmente você está no Líbano, um país marcado por muitas confusões. Como é lidar com isso?
R.C.:
“É um país com muitos transtornos, mas já acostumei. Ele parece muito com o Brasil e tem muitos brasileiros que moram por aqui também.”

F.P.:O que mais sentiu de diferente nesses países todos?
R.C.:
“O começo é sempre difícil, na comida, cultura, tudo. Mas com o passar do tempo aprendi a superar essas dificuldades e hoje fico feliz por me adaptar tão bem.”

F.P.:O que é diferente do Brasil?
R.C.:
“Dependendo do país a cobrança é maior por ser estrangeiro. Mas tudo isso deu pra passar por cima e conquistar meu espaço.”

F.P.:O que você faz nas horas vagas?
R.C.:
“Aqui no Líbano gosto de ir às praias, são muito lindas e dá pra distrair bastante.”

F.P.:E o idioma?
R.C.:
“Na Geórgia peguei fácil o idioma local e até hoje falo bem. Na Sérvia também, foram três anos que consegui ligar muito bem. Na Ucrânia eu falava um pouco de russo e então deu pra me virar bem. Hoje no Líbano aprendi o inglês que está me facilitando bem.”

F.P.:E tem a intenção de voltar para o Brasil?
R.C.:
“Tenho muita vontade, mas ainda é de se pensar. Todo jogador brasileiro quer jogar a Liga Nacional. Mas hoje estou muito feliz aqui, então isso tudo será da vontade de Deus.”

Por Tamiris Dinamarco / Foto: Najib Haiby

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