Às vezes, quando os “não corredores” veem alguém correndo nas ruas, estradas, praias ou trilhas, pensam que tal pessoa não deve estar bem da cabeça, deve ser um louco; isso não é coisa para “gente normal”. Qual a graça de sair correndo?
Não há explicação para quem não deseja saber a resposta; não existe explicação teórica que alcance a sensação da prática e da realização. Portanto, é dispensável qualquer comentário quando ouvimos que correr na chuva, no frio ou no calor é coisa de maluco. Só entende quem corre!
Mas como corredor, quero compartilhar que existe um lugar, nomeado pelo psicólogo húngaro-americano Mihaly Csikszentmihalyi, chamado FLOW, que nada mais é do que atingir um nível perfeito entre o ser humano e aquilo que se faz. Algo onde a realização e a felicidade estão presentes em um estado homogêneo de existência.
O professor João Batista Freire diria que, na corrida, esse estado de FLOW seria correr simplesmente por correr, percebendo a brisa do ar, a movimentação, o oxigênio que entra nutrindo o corpo e a percepção de estar no presente.
Aliás, esse presente é o único momento que possuímos para viver, já que um segundo atrás já foi, e um segundo à frente ainda não é.
Com muito respeito aos técnicos e professores de corrida, aproveito as palavras do professor Pierre Normando para explicitar: – “Não despreze os cronômetros e GPSs, mas acrescente percepção de você.”
Isso quer dizer, ensine a corrida, mas não despreze os corredores. Dê condições para desenvolverem a sensibilidade para viverem a corrida, simplesmente pela corrida.
Há pouca coisa a se explicar, mas o FLOW na corrida é um lugar muito singular e que nos faz sentirmos vivos e presentes no mundo.
E quem tem coragem de não concordar que, ao descobrir esse lugar, você nutre sua saúde física e mental?
Nunca encontraremos uma única forma para cuidar do ser humano por completo, mas para muitas pessoas, essa forma, uma das mais primitivas da humanidade, a corrida, pode ser uma ótima opção, uma porta de entrada para o movimento corporal e o alcance de melhor saúde física e mental.
Experimente…!
Por Anderson do Prado – Pinduca – Psicanalista e Profissional do Esporte
Foto: Divulgação/Internet
