Jackson supera perda parcial da visão para ajudar Brasil no mundial

Melhor ala canhoto da LNF e da Liga Paulista de 2015 e prestes a disputar o mundial de seleções da FIFA pelo Brasil. Quem acompanha o futsal nacional sabe que Jackson, ala da ADC Intelli, é uma das referências técnicas  da modalidade, mas o que poucos imaginam é que por conta de uma doença degenerativa nos olhos, o jogador quase ficou cego.

Revelado pelo Atlântico Erechim, Jackson descobriu em 2009 que tinha ceratocone, uma anomalia na córnea que faz com que as imagens fiquem distorcidas e embaçadas.

– Eu dirigia para casa após o treino quando, na estrada, minha vista ficou totalmente embaçada ao ver o farol de um carro que vinha na direção contrária. Quase encostei o carro, pois não conseguia enxergar e com muita dificuldade consegui chegar em casa. Foi ali que percebi que precisava de ajuda – explicou o jogador.

Natural de Não-Me-Toque, no Rio Grande do Sul, Jackson viajou até Porto Alegre, capital gaúcha, para ser consultado por um especialista, mas o diagnóstico foi desanimador. Por ter descoberto a doença tardiamente, aos 19 anos, a então promessa do futsal, tinha perdido 70% da visão do olho direito.

Para evitar que a doença continuasse progredindo, uma cirurgia foi marcada de imediato e um anel de ferrara – material tolerado pelo organismo, foi colocado no olho do jogador para evitar a cegueira completa da visão direita.

– A notícia da perda irreparável da visão foi algo triste, mas o pós operatório foi algo ainda mais traumático, pois meu olho secava muito fácil, mas não podia usar colírio para não afetar a cicatrização. Foram três dias de muito sofrimento – revelou Jackson.

O delicado procedimento previa que o jogador teria que ficar fora das quadras pelo restante da temporada de 2009, mas a vontade de consolidar seu espaço no elenco principal do Atlântico fez com que Jackson voltasse a jogar apenas três meses após a cirurgia.

– Eu não podia ficar de fora, tinha pouco tempo de carreira e estava começando a me destacar, mas, quando voltei, o uso dos óculos era necessário e, durante toda aquela temporada, joguei com um elástico na nuca para prender as hastes dos óculos – disse.

A partir daí, o ala conseguiu controlar a doença, apesar dos danos irreversíveis que foram causados. Periodicamente o jogador faz consultas em seu oftalmologista, já que também em seu olho esquerdo a ceratocone foi constatada, mas ainda em fase inicial, o que têm sido controlada por colírios.

– Sigo tomando todos os cuidados já que, caso eu me descuide e perca a visão, não há nada a ser feito, apenas um transplante de córnea mudaria a situação. Meu irmão, Jonathan, também foi diagnosticado com ceratocone, mas, com a experiência que eu tive, logo que apareceu os primeiros sintomas, procurou um especialista e conseguiu controlar antes de sofrer um dano mais grave – afirmou.

 

Ceratocone:

Segundo o médico oftalmologista Aluísio Albuquerque, o cerotocone é uma doença que provoca um afinamento da córnea, alterando sua anatomia, o que gera uma grande diminuição da acuidade visual do paciente.

Ainda segundo Albuquerque a doença acomete cerca de 2% da população e geralmente se manifesta em jovens entre 13 e 18 anos. O ceratocone tem um ciclo de progressão que gira em torno de oito anos.

Informações: Luan Amaral

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