Há 10 anos, EC Banespa vencia o Paulistão e encerrava uma era de vitórias

Um time que nasceu para ser campeão. Assim foi o projeto do EC Banespa para 2006. Há exatos 10 anos, a equipe comandada pelo treinador Antônio Carlos Guimarães, o ‘Tuca’, contava com verdadeiros craques em seu plantel, além de uma comissão técnica de respeito. A boa campanha no Campeonato Paulista de Futsal daquele ano, rendeu ao ECB o oitavo título desde sua primeira participação no certame, em 1957, quando a modalidade ainda era chamada de ‘Futebol de Salão’.

Nesse ano, o campeão foi o Clube Universitário e o vice-campeão foi o Taubaté Country Club. Além dos finalistas, e do próprio ECB, também participaram: o Nosso Clube (Limeira), Mossoró (Campinas), São Carlos Clube (São Carlos), São Paulo FC (São Paulo), Taubaté Country Club (Taubaté), Clube Universitário (São Paulo) e o Vasco da Gama (Santos).

A primeira conquista banespiana veio apenas em 1975, após final emocionante contra o tradicional Círculo Militar, na sequência, vieram os títulos de 1996, 2000, 2001, 2002, 2004, 2005 e 2006. Mas, algumas semanas depois, veio uma notícia, a qual ninguém esperava: o fim das atividades no ECB.

Muito se falou, na época, que essa decisão se deu pelo fato do banco mudar todo o seu planejamento administrativo, inclusive o nome, passando a se chamar Santander. No entanto, as categorias menores seguiram normalmente e conquistando bons resultados.

Na temporada seguinte, em 2007, houve uma tentativa em remontar o elenco do ECB, mas a campanha nos Campeonatos Paulista e Metropolitano não foram de acordo com o esperado, e o futsal adulto parou de vez.

A caminhada no Paulistão 2006:

IMG-20160720-WA0029Na primeira fase da competição, o ECB integrou a Chave A, ao lado de Intelli/Orlândia, Corinthians, Liga Ferrazense e Dracena/Panorama. Ao término desta etapa, o Banespa ficou em segundo lugar com oito jogos, três vitórias, três empates e duas derrotas.

A estreia foi não foi das melhores. Dia 9 de setembro, fora de casa, o time comandado pelo técnico Tuca foi até Ferraz de Vasconcelos (Grande SP), e perdeu pela contagem de 4 x 3. Na sequência:

ECB 3 x 1 Dracena/Panorama,

ECB 5 x 5 Corinthians,

ECB 1 x 1 Liga Ferrazense,

Dracena/Panorama 6 x 8 ECB, I

Intelli 5 x 3 ECB,

ECB 3 x 1 Intelli.

Corinthians 4 x 5 ECB.

Já na segunda fase, o Banespa ficou ao lado de AABB e Hebraica/Hudson. Veja a campanha:

AABB 1 x 1 ECB

Hebraica 3 x 2 ECB

ECB 5 x 1 Hebraica

ECB 5 x 4 AABB

Pela terceira fase, foram dois jogos contra o São Paulo FC. No primeiro duelo, empate por 2 x 2 e na segunda partida, vitória do ECB pela contagem de 2 x 0.

A fase semifinal foi marcada por muita disputa. Diante a RCG/Garça (uma das grandes forças do interior), o ECB levou a melhor na primeira partida, ao vencer por 5 x 1 e no jogo de volta, empate por 4 x 4.

DECISÃO:

A final, histórica, aconteceu em três jogos diante o Santa Fé/Funec/Tatuibi, que nas semifinais passou pelo DEL Jaboticabal, enquanto o ECB passou pelo RCG/Garça. Lembrando que o ECB teve ainda o ala PC como vice-artilheiro da competição, com 18 gols marcados. O elenco também contava com atletas sub-20, os quais eram utilizados pelo técnico Tuca, dentre eles, Rodrigo Mogi, fixo que hoje atua no Grêmio Mogi das Cruzes.

Contra Santa Fé, foram três jogos de arrepiar, sendo que o primeiro, em São Paulo, vitória do ECB por 5 x 4. Nos dois últimos jogos, em Santa Fé do Sul, o time da casa venceu por 3 x 1, mas no último confronto, o ECB reverteu a vantagem e aplicou um sofrido 2 x 1 e gritou é campeão pela oitava vez.

Craques e comissão técnica falam sobre a conquista o fim do projeto:

tucaTuca (treinador e hoje auxiliar no Figueirense): “Um momento mágico, de extrema superação. Um elenco montado com muitos atletas que vinham sem muitas oportunidades aliado a outros com uma história já vencedora no clube. Muitas dificuldades que culminaram num título inesquecível, o terceiro seguido e de muitas saudades”.

Firma (preparador físico, atualmente no São José): “Cheguei ao ECB em 2006. A equipe com investimentofrima menor do que nos outros anos, com a responsabilidade de manter o título paulista em Santo Amaro e seguir bem nas outras competições. No início do ano como dependia de repasses de verba o clube passou já a ter dificuldades com salários atrasados. Surge então um dos melhores, se não for o melhor elenco que trabalhei. Todos em busca do mesmo ideal ficaram de lado as vaidades e surgiu uma verdadeira amizade.

Os atletas jogavam com prazer e pelo companheiro do lado que tinha as mesmas dificuldades do que ele. Ao longo daquele ano o Clube cumpriu com as suas obrigações ganhamos novamente o título estadual e os Jogos Abertos. Ficou essa grande amizade, após o término daquela temporada o clube já não disputaria a Liga Nacional em 2007 e continuou por mais um ou dois anos com as competições do Estado e encerrou as atividades na categoria principal.

Eu só tenho a agradecer ao ECB e as pessoas que lá comandavam por me darem o privilégio de trabalhar nesse clube e espero que um dia ele retorne com a categoria principal, pois um clube com tamanha estrutura não pode ficar fora da nossa modalidade”.

renatoRenato Miguel Jorge (fisioterapeuta, hoje no JEC/Krona): “Foi triste, porque nada foi anunciado com antecedência. Fomos pegos de surpresa com o encerramento da equipe. Sabíamos da situação difícil do clube, mas os salários estavam em dia, de modo que não imaginava o encerramento da equipe.

Triste também porque, ver um monstro, uma potência, uma estrutura, uma referencia, uma tradição de futsal encerrando as atividades. Além de muitos ficarem desempregados e com famílias para sustentar.”

Felipe ‘Alemão’ (ex-ala/destro): “Era minha segunda final consecutiva, pois em 2005 já fazia parte do grupo Campeão Paulista, subindo da categoria sub-17(infanto) para a categoria adulta, com a permanência no primeiro ano defelipe alemao Juvenil no E.C. Banespa , frequentemente compunha o grupo da categoria Principal, a convite do Tuca e do Azeitona, devido ao calendário extenso e ao grande número jogos e competições.

O título de 2006 teve um gosto a mais para todos que faziam parte do grupo, pois na época diziam que o Banespa pegou o lado mais fácil dos “playoffs”, colocando a equipe de Santa Fé do Sul como franca favorita, por ter até mesmo eliminado a Intelli que era candidata ai título. O Banespa que havia reduzido alguns custos, uma folha um time mais modesto, fez um bom resultado no primeiro jogo dentro de casa, no segundo jogo a equipe adversaria foi muito bem e acabou levando o jogo para o terceiro jogo, com a cidade inteira no ginásio.

Mas aí no terceiro jogo, o Banespa contou com a experiência dos jogadores mais velhos que acabaram fazendo a diferença, como o Bahia, que desestabilizou o principal jogador e acabou tirando ele do jogo, o Cris que pensou rápido em um lance de decisão e foi crucial para que o Banespa se mantivesse na frente do placar, vários outros atletas foram fundamentais e com uma marcação impecável, levantamos o Bi dentro da casa do adversário, ai foi aquela coisa bacana, comemoração escolta pra sair do ginásio!

Quanto ao projeto acabar, já era esperado, eu conhecia muito bem o clube quando comecei a joga futsal no ano de 2002, na época se não me engano era Banespa Santander, estrutura invejável e no outro ano foi caindo e assim no decorrer dos anos.

No meu ponto de vista é normal dentro da modalidade, muita gente oportunista dentro do esporte, desde os caras que mandam, diretores, supervisores, treinadores e jogadores, um meio onde um só olha pro próprio umbigo, treinador e supervisor na maioria dos lugares trabalham pra se manter sem respaldo nenhum, jogadores se sujeitam a treinar incansavelmente por míseros salários e tendo que engolir sapos de quem nunca calçou um tênis e chutou uma bola, supervisores tentando tentando tirar um a mais em cima doa salários dos jogadores, treinadores apontando os jogadores como prostitutas por receberem propostas melhores e trocarem de times, então é bem por ai, cada um tira o teu da reta que é mais fácil, por isso que o futsal pelo que acompanho, mas agora de fora vai meio mal das pernas. 

Acho normal o termino da equipe, não foi o primeiro fim de equipe, nem o será o ultimo, enquanto tiverem oportunistas dentro da modalidade, panelinha, interesse, no mesmo time onde o cara que ganha ‘30’, tem o cara que ganha ‘2’ que é cobrado da mesma forma ou até mais, isso será normal dentro da modalidade, infelizmente.

Foram 12 anos dentro da modalidade tive a oportunidade de ver os dois lados. Foi uma pena um clube acabar após o titulo, mesmo o tendo a visibilidade de um time campeão, uma hora a mina seca”.

crissCris (ala, hoje no Grêmio Mogi das Cruzes): “Aquela equipe foi uma das mais marcantes a qual eu tive a oportunidade de participar. O ano foi de muitas dificuldades financeiras (chegamos a ficar com três meses de salário atrasados). Houve algumas mudanças de jogadores que tiveram propostas para sair após a Liga (caso do Éder Lima e Ricardinho), mas chegaram alguns para compor.

E no segundo semestre nos sagramos campeão dos Jogos Abertos do Interior e do Paulista em um jogo épico contra a forte equipe de Santa fé do Sul. Nós vencemos o primeiro jogo da final do Paulista em casa e fomos para Santa fé decidir lá.

Perdemos o segundo jogo e tivemos desfalques importantes para o terceiro jogo que foi logo no dia seguinte. Perdemos nosso líder, o Bigão, e o nosso melhor jogador naquele momento que era o PC. Mas conseguimos ser campeões diante de uma pressão absurda e com tudo contra”.

“Quanto o fim do projeto, realmente foi uma pena muito grande, um clube tradicionalíssimo no futsal, mas que infelizmente não conseguiu mais parceiros para que pudessem continuar com a equipe principal. Ainda tentou se manter, mas não com as mesmas condições em que nos acostumamos ver e até que parou com o adulto e sub-20”.

Wagbaeaner Bahia (ala/fixo): “Foi muito bom. Aquele ano tinham saído vários jogadores e ninguém acreditava no Banespa”.

Danilo Baron (ala): “Foi muito legal. Para mim foi especial por estar retornando da minha lesão no joebarinlho. Era meio que provar pra mim mesmo que estava voltando a ser capaz de jogar em alto nível e ser campeão com um grupo de atletas muito bom, que tenho amizade até hoje”.

erciErick (goleiro hoje no Fut7): “Joguei o Estadual inteiro. Só não consegui jogar as finais porque fechava a janela na Rússia e tive que ir embora. Aquele time era show em amizade e qualidade. Voltei no segundo semestre de 2008 para RCG, depois 2009 para o Palmeiras. Fiquei maluco na época, porque tive que sair do time uma semana antes das finais”.

Tom (goleiro, hoje na República Tcheca): “Foi um titulo muito difícil de ser conquistado, tanto éton que foi decido em três partidas, ainda mais jogar as duas ultimas partidas em Santa Fé. Sendo que a equipe de Santa Fé tinha jogadores espetaculares, com um ginásio lotado, onde os torcedores eram com certeza o sexto jogador para a equipe da casa. Mas o ECB estava focado, bem equilibrado e preparado para disputar este titulo. A nossa equipe também era um grupo de parceiros, dentro e fora das quadras. Era um grupo maravilhoso para se trabalhar.

Sobre o fim do projeto, o que falar? É triste uma equipe vencedora, senão me engano tricampeã paulista, acabar. Infelizmente nossos dirigentes eram e ainda continuam amadores. E em 2007, acabaram na ocasião alugando a vaga da Liga Nacional para a extinta equipe de Garça. Não estou generalizando, existem pessoas profissionais. Eu espero que algum dia o Esporte Clube Banespa possa voltar as suas atividades com sua equipe adulta, pois possui um excelente estrutura física”.

Elenco:

Goleiros:

Erick, Carlinhos e Tom.

Wagner Bahia, PC, Danilo Baron, Bigão, Chiquinho, Cris, Bambino, Jorginho, Douglas, Felipe ‘Alemão’, Davi e Pelé.

 Comissão Técnica:

Supervisor: Azeitona (In Memoriam)

Técnico: Tuca

Preparador Físico: Firma

Fisioterapeuta: Renato Miguel Jorge

Mordomo: Geraldo Antônio Bulla

Fotos: 

Tuca: FPFS

Firma: Quarttus Marketing

Renato Miguel: Assessoria/Krona

Felipe: Arquivo Pessoal

Cris: Gilberto Santos

Bahia: Arquivo pessoal

Danilo Baron: Gilberto Santos

Erick: Tércio Fut7

Ton: Arquivo Pessoal

Foto principal: Revista EC Banespa

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