Atleta brasileiro passou por quatro países que ainda buscam seu espaço no futsal

O futsal ainda vem se difundindo em diversos lugares do mundo. Alguns mais avançados e outros buscando espaço e profissionais para atingir um nível melhor dentro e fora das quadras. Hoje o Check in Futsal vai bater um papo exclusivo com o ala Serginho Loch, natural de Blumenau, em Santa Catarina e que tem um vasta experiência nesses países que estão se adaptando para receber a modalidade.

Com passagens por grandes clubes como a Malwee/Jaraguá (SC), Blumenau (SC), Ceuta (Espanha), Lanzarote (Espanha), Sport Club Qatar Doha (Quatar), Al Khor Sport Clube (Quatar), Sadaka (Líbano), Al Roudan (Kuwait), Al Wackra (Quatar), Serginho recentemente acertou no Al Arabi Sport Club (Quatar).

O atleta acumula títulos nacionais desde os Jogos Abertos, até Liga Nacional e Taça Brasil. Fora do país foi terceiro colocado da Copa da Ásia e campeão da SuperCup.

Futsal em Pauta.: Qual desses títulos foi o mais importante?
Serginho Loch.: “Quando ficamos em terceiro lugar na Copa da Ásia, em 2011. Foi a primeira vez que um time do Líbano chegava entre os quatro melhores da Ásia.”

F.P.:Vamos falar um pouco dos quatro países que você passou, começando pela Espanha. Como foi sua chegada?
S.L.:
“Aadaptação foi um pouco mais fácil por termos um idiomapróximo ao deles e também por ter convivido com outro brasileiro que também estava na equipe. Em relação a comida e costumes também foram fáceis, pois não tem muita diferença do brasileiro.”

F.P.:Atualmente você está no Qatar. Conte um pouco sobre sua adaptação.
S.L.:
“É aonde atualmente vivo e já faz um tempo. Eu e minha família adoramos e estamos acostumados com a cultura árabe e entendemos como funciona. Em relação a comida no começo foi mais complicado pois adoram pimenta em tudo, mas com o passar do tempo acostumamos e pedimos sem (sempre vem um pouco ). Apesar do calor que faz no país (já pegamos 60graus) tudo está adaptado para isso, qualquer lugar que você vai tem ar condicionado.”

F.P.:E no Líbano?
S.L.:
“Foi uma experiência de apenas dois meses e foi tranquilo pois já havia convivido com libaneses no Qatar. O país em si é muito parecido com o Brasil, em relação ao seu povo e o modo de como vivem. São bem simpáticos e estão sempre sorrindo.”

F.P.: No Kuwait também foi uma passagemrápida?
S.L.:
“Isso. Estive lá apenas para um torneio: Al Roudan (Torneio de Verão). E também foi bem parecido com o Qatar. A cultura árabe foi fácil para me adaptar.

F.P.:Como é o futsal nesses países?
S.L.:
“Na Espanha o futsal é um pouco mais tática, tendo também muitas jogadas de bola parada e a forte marcação.
No Qatar o futsal está em evolução, pois ainda precisa de mais incentivos para poder dar um grande salto. Estão trazendo profissionais de outros países para ajudar nessa evolução. Ainda não é totalmente profissional, como Brasil por exemplo, que o único trabalho e jogar futsal. Todos os “Qatares” tem seu trabalho e treinam uma única vez por dia. O futsal nas escolas ainda não é praticado e a categoria de base que existe são de jogadores entre 17 e 19 anos. Porém existe uma grande estrutura para dar suporte a qualquer esporte, as quadras de futsal são excelentes e climatizadas.
No Líbano eles usam bastante da tática, os jogadores são mais soltos e tentam dribles a todo momento, pois são bem habilidosos. Muitos deles jogam futebol de campo também e não são profissionais. Todos trabalham e o futsal seria uma segunda opção, ou um hobby.
No Kuwait também estão em evolução e acredito que junto com o Qatar, são os dois melhores do golfo. Seu futsal está em alto crescimento por ter investimento dentro e fora das quadras.

F.P.:E com tanto tempo fora do país, como você vê a diferença do futsal brasileiro para os demais?
S.L.:
“Em questão de gestão no momento não somos referência. Mais em quadra, todo menino brasileiro tem como primeiro presente uma bola. Pra mim sempre vou considerar o futsal do Brasil o melhor, com os melhores professores que tive e com os que mais aprendi como Fernando Ferreti, Manoel Dalpasquale, PaulinhoGambier e Jorginho Shwartz.

F.P.:Em que momento o futsal marcou sua vida?
S.L.:
“Quando era juvenil ainda tive o prazer de jogar ao lado de Manoel Tobias. Foi um momento único e de muito aprendizado. Além de ter atuado ao lado do Falcão e conquistado uma Liga Nacional.”

F.P.:Desses lugares, encontrou alguma diferença cultural expressiva?
S.L.:
“No Qatar juntamente com Kuwait e Líbano tem rotinas de rezarem 5 vezes por dia ( muçulmanos) independente se estão no trabalho ou não. Eles param tudo e vão fazer a reza e logo voltam para o que estavam fazendo. Se você está no mercado por exemplo, fazendo sua compra normalmente e chega a hora da reza deles, temos que esperar eles voltarem da reza para finalizar a compra.”

F.P.:Com todos esses aspectos culturais e sociais, o que mais sente falta do Brasil?
S.L.:
“Do churrasco em família e com os amigos mais próximos.”

F.P.:Como é o tratamento do torcedor com os estrangeiros do time?
S.L.:
“Aqui como futsal ainda está atrás de muitos esportes, os ginásiosnão vivem lotados, nem perto disso, então é bem tranquilo.”

F.P.:Você costuma voltar para o Brasil?
S.L.:
“Nas férias de Julho voltamos. A temporada aqui geralmente termina em Maio/Junho e espero as férias dos meus filhos na escola e do trabalho da minha esposa para podermos ir todos juntos.”

F.P.:Tem vontade de voltar a jogar no Brasil?
S.L.:
“Voltar ao Brasil sempre se tem vontade pois vai ser sempre nossa casa, nosso lar. Nossa família e nossos amigos mais queridos estão no Brasil e estar perto deles revigora a alma. Porém agora acredito que não seja o momento, depois de tantos anos temos um lar e umarotina  aqui que envolve meus filhos na escola, minha esposa trabalhando, cachorro… o Qatar tambem se tornou nossa casa.”

F.P.:Alguma lembrança um tanto quanto diferente marcou você?
S.L.:
“Na primeira temporada aqui no Qatar, em um jogo que estava assistindo, o goleiro de um time foi lançar a bola ao ataque e a bola entrou direto ao gol adversário e ele saiu pela quadra comemorando gol e os reservas da equipe fazendo a mesma coisa. Pensei comigo “isso é mentira, só pode. Não está acontecendo”. (risos)

Por Tamiris Dinamarco / Foto: Divulgação

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