Profissão Goleiro: Os prós e contras em atuar fora do país

A profissão de goleiro é, talvez, a mais complexa e difícil dentre os esportes coletivos. Seja handebol, futebol de campo e futsal. Neste caso, mais especificamente no futebol de salão, o arqueiro além de ter enorme responsabilidade no clube em que atua, vive sempre a incerteza sobre qual equipe defenderá na temporada seguinte, uma vez que tal função não tem a valorização merecida.

Por conta disto, dezenas de goleiros seguem para o exterior, onde o reconhecimento profissional – algo ainda longe de acontecer na maioria dos clubes brasileiros – passa a ser o “carro-chefe” dessa decisão. Deixar familiares, amigos e rotina são alguns itens negativos para quem quer ganhar um bom salário. Além disso, a culinária, clima, cultura e adaptação também fazem parte do difícil lado de se atuar em outra nação.

Um dos “caçulas” no futsal europeu é o ex-corintiano Rodrigo Cavicchio, 27, conhecido como Juca, que atuou durante cinco anos no Parque São Jorge, e desde o mês de agosto seguiu para o futsal italiano, onde defende as cores do Meco Potenza, principal equipe da cidade de Potenza, município que conta com 68.558 habitantes e localiza ao sul italiano.

A seguir, Juca fala como foi sua saída do Corinthians e seu novo projeto de vida:

Foi muito difícil, ainda mais porque tinha cinco anos de clube, e quando saí o time ainda disputava a primeira fase da Liga Nacional. Como todos sabem, eu não era utilizado pelo PC Oliveira, então apareceu a oportunidade de sair para jogar aqui na Itália em um time pequeno, mas com bons projetos“, diz Juca.

Juca afirma ainda, que a questão financeira foi fundamental para que tomasse tal decisão:

Como eu estava no Corinthians há muito tempo, achei que era hora de sair para conhecer um novo país e outro tipo de jogo. Claro que a proposta financeiramente valeria a pena, até porque tenho 27 anos e não podia mais esperar por uma nova oportunidade. Sou um cara já formado e esta experiência na Europa pode me ajudar no futuro“, encerrou.

Há quase duas temporadas em Portugal, Kleber Grund, do Clube Operário (equipe da Ilha de Açores), diz que representar o país de origem é muito prazeroso, mas também exige muita responsabilidade:

Felizmente, tendo a oportunidade de completar quase dois anos na Europa, para mim é motivo de muito orgulho. Aprender novas maneiras de se jogar, ganhar ainda mais experiência e poder sempre representar muito bem o nosso Brasil, no entanto, a responsabilidade é muito grande, pois somos cobrados, mesmo assim, respondemos à altura“, diz o arqueiro.

Grund também fala sobre adquirir uma nova cultura:

Aqui temos acesso a uma nova cultura, saber lidar com as adversidades e crescer com elas. Isso sem dúvida, é algo que aprendemos muito atuando na Europa“, encerra.

Ex-goleiro da AABB/Segasp e desde 2009 na Europa, Diego Balbo, arqueiro do Desportiva do Fundão (Portugal), analisa a parte prática de sua função:

Está sendo muito bom atuar aqui. O ano passado fui considerado uns dos melhores goleiros campeonato nacional da primeira divisão, mas senti um pouco de diferença na armação do jogo (algo um pouco mais lento e para goleiros eles usam muito os pés). Já os treinamentos para goleiros não posso de falar de todos os clubes, mas onde estou ainda é fraco“, avaliou Balbo.

Há pouco mais de um ano no Corinthians, Leandro De Martini passou boa parte de seus 15 anos carreira na Espanha. Em oito temporadas na Europa, De Martini vestiu as camisas do Martorell e Benicarló FS.

Leandro de Martini nasceu em 03 de janeiro de 1974 na cidade de São Paulo e ganhou destaque ao passar pelas equipes do Juventus e GM (General Motors), de 1991 a 1998. Antes de seu retorno ao Timão, clube que jogou em 2001, Leandro atuou ainda no Banespa, Passo Fundo (RS), Sumov (CE) e Vasco da Gama (RJ).

De Martini avalia sua volta ao Brasil e conta como pode ajudar o Corinthians com a experiência adquirida:

Foi muito bom este meu retorno ao país e jogar em uma equipe de ponta. Além de rever os amigos, também vou ter a chance em trabalhar com o PC. Sempre tive o interesse em jogar com ele. Tenho certeza que vamos aprender muito com sua experiência. E com minha vivência lá fora, vou ajudar o time da melhor maneira possível“, conclui.

Outro “guarda-metas” a vivenciar o futsal do outro lado do continente é o titular do Palmeiras/Jundiaí, Erick, que entre os anos de 2003 e 2004 jogou no Action 21, da Bélgica e no MFK Tyumen, da Rússia – de 2006 a 2008.

Sucinto nas palavras, Erick comenta os prós e contras em jogar fora do país onde nasceu, e ainda afirma que aproveitou cada momento o máximo possível, se dedicando também aos estudos nas línguas francesa, inglesa e russa.

Os prós foram aprendizagem, conhecimento, os lugares que visitei e, principalmente, o retorno financeiro que tive. Os contras foram a saudade de familiares e amigos, a dificuldade de comunicação, o frio, a responsabilidade de sempre estar em ótimo rendimento e cobrança por resultados“, recorda.

Em meio a tudo isso, não é apenas o Brasil que “exporta” craques. Na Argentina, o goleiro titular da seleção portenha, Santiago Elias, também viveu os dois “lados da mesma moeda”, e explica os motivos que o levaram ao Velho Continente:

Um pouco das duas coisas. Mais que uma simples experiência de vida, a questão econômica era o que me convia, obviamente. No entanto, se tudo se converteu em uma linda experiência na minha vida e o lado econômico passou a ser segundo plano“, avalia.

Santiago Elias esteve no Napoli Vesevo, da Itália, por oito meses e recentemente retornou ao Club Pinocho, de Buenos Aires, o qual lhe promoveu para o futsal.

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