Há dez anos, o Santos FC retornava ao futsal com um grande elenco

O ano de 2011 começou diferente para o futsal paulista. Mais precisamente para o Santos FC, que, após algumas longas temporadas, voltou a investir em uma categoria adulta. Dessa vez, com um projeto audacioso, ‘encabeçado’ pelo ala Falcão, recém-chegado da Malwee/Jaraguá (SC) e campeã da Liga Futsal 2010.

Além de Falcão, o elenco contava com grandes nomes da modalidade, dentre eles, os goleiros Bilica, Djony, Paulo Vitor, Alan, Gava, Wellington, Gustavo, Thiago Carioca, Valdin, Bruno Taffy, Deives, Ricardinho, Bruno Souza, Jé, Índio, Neto, Jackson e Pixote.

O ‘Peixe’ contava ainda com jovens promessas e no banco, a experiência de Fernando Ferretti, auxiliado por Marcos Moraes. A supervisão era de Alexandre ‘Barata’. No entanto, vale ressaltar que o ponta pé inicial para este projeto foi dado pelo saudoso ‘Azeitona’, que viria a falecer meses depois.

Ricardinho, hoje treinador do Magnus Futsal, e recentemente eleito como o segundo melhor do mundo, fala sobre o projeto e como surgiu o convite:

A respeito desse projeto fantástico que foi o Santos. Um projeto que entrou para a história do futsal, não só para o futsal brasileiro Mundial também. A primeira equipe do Estado São Paulo a ser campeã da Liga Nacional. Uma grande equipe que marcou. Uma equipe que marcou uma história linda em nosso futsal.

O convite veio do Falcão, eu estava no Cortiana, do Rio Grande do Sul, onde fiquei por cinco anos, mas a equipe acabou. Aí voltei para São Paulo para disputar uma parte do Campeonato Paulista pelo São José, mas eu tinha praticamente certo com duas equipes da Itália, até que o Falcão me ligou numa noite falou do projeto, e me identifiquei com o projeto, com a camisa do Santos, com grandes nomes que passaram por lá e eu já tinha jogado no Santos em 2001. Já conhecia a cidade e tinha alguns amigos por lá.

Com o nome do Falcão à frente do projeto, do Ferreti encabeçando também, além de outros jogadores que já estavam envolvidos, então prontamente aceitei este desafio e eu tinha este sonho de ser campeão de uma Liga, e de jogar com os melhores. Então foi um ano maravilhoso, espetacular e que foi um divisor de águas na minha vida.

E a gente já tinha contrato para o outro ano,  para 2012, a maioria do elenco praticamente, Mas uns 15, 20 semanas antes da apresentação, teve um comunicado da diretoria e pegou todo mundo de surpresa, a gente não esperava, até pelo sucesso que a gente fez e a cidade abraçou o time de uma tal forma, maravilhosa, o Santos tinha sido campeão da Libertadores naquele ano, com Neymar, Ganso, Elano, Edu Dracena, Rafael, os caras adoravam o futsal, iam a todos os jogos, então foi uma química muito bacana“.

O ex-fixo do Peixe também fala sobre o término da equipe, poucos dias após a conquista da Liga Futsal em cima da ACBF:

Mas infelizmente, por uma ordem de força maior (não caberia a nós atletas, julgarmos), acabou o projeto em menos de um ano e a gente ficou muito triste, até porque a gente sabia que este projeto seria um dos mais vitoriosos da história do futsal. Enfim, sou muito grato a tudo que vivi por lá, muito grato ao Falcão, ao Ferretti, a todos os atletas, ao Barata, ao Azeitona também , que no início estava lá, meu irmão de vida e quando eu soube que o Azeitona iria, pra mim foi uma alegria muito grande. Juntou-se tantas pessoas competentes e só podia dar no que deu. Então fico muito feliz de ter participado desse grande dessa história do futsal nacional no Santos Futebol Clube“. 

O goleiro Paulo Vitor, que se destacou na decisão da Liga Futsal ao defender uma cobrança de pênalti, relembra com carinho os bons momentos que passou na Santos:

Eu estava no São Paulo/Marília, jogando o Paulistão de 2010. Lembro que começaram a especular o projeto do Santos para a Liga  de 2011, que teria o Falcão como principal jogador. Sendo torcedor do Santos, minha família mora no Guarujá e a família da minha esposa em Santos e tendo feito praticamente a minha base toda no Santos, esse time seria um sonho.

Não havia recebido nenhuma proposta, porém com essas sintonias, pessoas me perguntava se eu ia fazer parte do time e alimentavam minha expectativa. Coloquei aquilo como meta e treinava como se estivesse me preparando pro próximo pra fazer parte do melhor time do Brasil.

O supervisor Barata, me ligou  perguntando se eu tinha interesse em participar do Santos e a negociação foi bem tranquila e rápida. Nos apresentamos em janeiro para um ano que foi um ano fantástico.

O desfecho de uma história:

Ao final da Liga da Nacional, com o título, torcida e time estavam radiantes, falava-se na disputa pelo Bicampeonato, conquista da América e do mundo. A maioria dos jogadores tinham seus contratos renovados e a expectativa era grande. Porém, lembro o dia que estava almoçando com o Ricardinho, Valdin, Jé e Pixote e recebemos a notícia que o grupo gerenciador do Santos não prosseguiria com o projeto.

A nossa reação foi duvidar da informação, não era possível. O projeto havia sido um sucesso, a Arena estava sempre lotada e o time estava pronto para recomeçar. Após alguns dias os Diretores oficializaram o término da equipe profissional feminina de campo e também encerrou a nossa equipe profissional de futsal “.

Valdin, um dos grandes nomes no elenco, também fala sobre o projeto:

O convite surgiu a partir do momento que em 2010 a gente teve a certeza que a Malwee ia acabar, lá meio pelo meio de setembro mais ou menos e a gente estava na fase final da Liga e graças a Deus, conseguimos ser campeões naquele ano.

Aí, eu recebi o convite através do Falcão, que estava com um projeto de fazer um time em Santos.  E sem dúvida nenhuma, logo em seguida eu aceitei o convite, até porque se tratava de uma grande equipe, com uma grande estrutura, um time de camisa e eu nunca tinha em um de time de campo. Para mim foi uma alegria imensa receber esse convite, não só eu, mas acho que para todos os demais atletas, já que foi um projeto vitorioso.

E naquele ano, a gente chegou em duas finais, tanto no Estadual como da Liga Nacional, em que fomos campeões. Fizemos história com a camisa do Santos e a gente foi para um projeto que era para durar dois, três anos, mas infelizmente, por conta de alguns patrocinadores, o time veio a acabar que a gente ficou triste, porque já no primeiro ano, o time foi campeão nacional e a equipe se desfazer totalmente de tudo que foi construído, e não poder nem saborear o título e vestir novamente a camisa do Santos no ano seguinte.

Sobre o encerramento das atividades, o ala diz que foi um baque para todos:

Foi aquele baque, ninguém acreditava, a maioria do pessoal tinha mais um ano de contrato. A cidade de Santos abraçou o projeto, nós estávamos super bem, a galera estava querendo que um time continuasse, mas infelizmente, conforme falei,  que eu falei, né questão de patrocinadores.

Fui muito feliz, foi o primeiro time paulista conquistar uma Liga Nacional, depois de tantos outros que não vieram, até chegarem a Intelli, o Corinthians e o Sorocaba. Mas fiquei feliz de ter vestido a camisa do Santos e fazer história, se dúvida nenhuma“.

Assim como os demais atletas, o fixo Índio também defendeu as cores do Santos FC a convite de Falcão. Experiente, o atleta se tornou um dos maiores campeões nacionais com a camisa do time praiano:

“O convite veio quando eu jogava no Jaraguá. O Falcão tinha iniciado este projeto com a Cortiana, Aí nos convidou para irmos para o Santos. Eu, o Bruno Souza, o Valdin também estava, e como o Jaraguá não ia continuar com o projeto e o time ia parar, então, abriu uma porta pra nós.

E um ano antes a gente tinha sido campeão da Liga Futsal e com o fim do time, não tínhamos para onde ir. E o Ferreti como treinador, junto com toda a comissão técnica do Jaraguá também, o Joãozinho, Fred e como ele já conhecia todo o pessoal, sabia que ia ser um time bom em 2011.

Olha coincidência, em 2010, eu ajudei a inaugurar aquele ginásio de Santos, em um jogo de despedida pela seleção brasileira. A seleção master, eu, o Indião, Joan, acho que o Pula também. No começo a Cortiana estava com a gente, pagando direitinho, mas decidiu sair e o Santos assumiu a responsabilidade de pagar a gente

Sobre o fim do projeto, Índio vê com algo normal na modalidade:

Normal, todo já praticamente tinha arrumado um time, mas a gente estava um pouco desconfiado, porque não estavam dando muita atenção pra gente. Foi uma pena o time ter acabado, mas o futsal é isso, não muda muito. Joguei na Ulbra, no Atlético. A Ulbra acabou, o Atlético acabou, o Jaraguá acabou as grandes equipes, por terem folhas de pagamento muita alta, e não querem trabalhar com time mediano, acabam finalizando as equipes, é uma pena, mas pra mim, graças a Deus foi o start para a minha primeira passagem no Corinthians,

Mas foi bom. o Santos marcou bastante faz parte da minha história, o Barata , o Cecil, o pessoal de Santos gostou muito da gente , somos amigos até hoje. São coisas que o esporte nos dá. Apesar de ter acabado, a gente consegue fazer um bom número de amizades. O futsal tem dessas coisas.

Comissão técnica do Santos FC

Supervisor: Barata

Treinador: Fernando Ferretti

Auxiliar: Marcos Moraes

Preparador Físico: João Romano

Preparador de Goleiros: Fred Antunes

Massagista: Luiz Gustavo Calixto

Mordomo: Reginaldo Mattos da Silva

Fisioterapeuta: Célio Rafael

Assessor de imprensa: Vinícius Vieira

Fotos: Gilberto Santos/ Haroldo Rodrigues/ Manolo Quiroz/ Vinícius Vieira

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