Possíveis mudanças nas regras do futsal dividem opiniões de treinadores

Nesta quarta-feira (14), um novo assunto gerou grande polêmica e dividiu opiniões nas Redes Sociais. Alguns sites esportivos noticiaram a informação de uma possível mudança nas regras do futsal. Mesmo se a oficialização da FIFA (entidade que gerencia o futsal em todo mundo), a notícia parece ter fundamento.

Porém, nem todos foram favoráveis à estas mudanças (cobrança de lateral com os pés ou com as mãos/opcional) e uso do goleiro linha apenas quando o time está perdendo o jogo).

Flavinho Cavalcante, ex-treinador do Dracena (SP) e Mombaça Futsal (CE), falou sobre o assunto:

As regras do jogo deveram sofrer mudanças no futsal. Vejo muita preocupação se o goleiro vai poder lançar a bola de área a área, 5×4 só vai poder utilizar perdendo, poucos utilizam ganhando para fazer gol na verdade. Estou pensando mesmo qual o melhor posicionamento da defesa para marcar pressão e roubar a bola na cara do gol adversário, e em contrapartida, quais as melhores manobras para sair da mesma. Bola no chão e 4×4, tem muito jogo de qualidade”.

Leandro Reis, o ‘Leandrinho’, treinador da ADC Taubaté Futsal, não aprovou as novas mudanças:

Não gostei. Achei um retrocesso para modalidade. Lateral com a mão deixará o jogo estranho pois surgiram novamente inúmeras bolas alçadas dentro da área principalmente nas categorias de base. A única coisa que achei interessante é o fato do goleiro não poder lançar a bola direto para outra quadra sem quicar antes do meio.

Ao meu ver, obrigará a saída com a bola dominada assim evitando os lançamentos diretos principalmente na base deixando o jogo mais interessante e usando as capacidades das equipes coletivas e individuais.  E também o goleiro-linha não poder entrar para atacar quando está ganhando não gostei, pois era uma tática ousada onde obrigava ações das duas equipes e de certa forma arriscado deixando o jogo mais interessante”.

O técnico do São Caetano Futsal, Bruno Zuchinalli, também fala sobre as mudanças:

Na regra 1, acho interessante no tiro de meta a bola ter que tocar na quadra de defesa, liberando o lançamento direto depois de uma defesa do goleiro. Em relação ao goleiro-linha, acho que podemos ter uma adaptação (como foi no handebol), entrando o quinto jogador com roupa de linha não podendo nenhum atleta fazer a defesa com as mãos dentro da área de meta, ou até mesmo só podendo jogar na quadra de ataque como no basquete (não permitindo a volta para a quadra de defesa)”.

Sobre laterais e escanteios com as mãos, Bruno se diz contra: “Principalmente por ser opcional, deixa o jogo plasticamente feio, fica parecendo vale tudo, sem contar a dificuldade da arbitragem com os bloqueios. Acho incoerente tirar o lançamento do goleiro no tiro de meta e liberar o atleta a lançar um lateral defensivo direto para a área adversária. Não mudaria em nada esta regra, apenas tentaria unificar a questão dos bloqueios, ou vale para todos ou não vale”.

Recém-chegado no comando técnico do Campo Mourão Futsal, do Paraná, Wesley Szabo, o “Alemão”, avalia as cobranças de lateral como um retrocesso na modalidade:

Sobre o goleiro arremessar a bola antes do meio da quadra, acho correto apenas nos tiros de meta, pois quando ele faz a defesa, vai perder a dinâmica de jogo. Já a possibilidade de lateral com as mãos, um retrocesso no esporte. Hoje com os pés sai muitos gols e ajuda a dinâmica da partida.

Em relação ao uso do goleiro apenas no momento que está perdendo, vai ficar muito confuso. Penso se a equipe tem qualidade para jogar deve usar. Sobre a cobrança de pênaltis, acho muito válida”.

O experiente técnico Baiano, dono de uma trajetória vitoriosa no futsal paranaense – hoje no Cresol/Marreco –  também afirma que alguns itens nestas possíveis mudanças, será um passo para trás:

Acho que estas mudanças de regras vão nos trazer uma regressão quanto aos objetivos traçados por eles. A única para mim que não muda em nada é a decisão por pênaltis. A final de 2017, aqui no Paraná, já foi com cinco cobranças, mas as outras questões ainda têm que ser bem debatidas”.

Por exemplo, o goleiro-linha só pode ser usado se tiver perdendo, mas e se houver a necessidade de saldo? Como irá se portar o goleiro quando ele dominar a bola na sua quadra, não poderemos colocar ele para jogar fora da área em uma saída combinada, ele poderá fazer o chute do outro lado da quadra. Existem, da minha parte, várias dúvidas”.

Baiano encerra falando sobre as cobranças de lateral e uso do goleiro em lançamentos:

O bater com a mão ou pé, deveria ter uma definição, ou um ou outro, mas permitir os dois achei sem fundamento e nós já estamos acostumados com o pé. O lançamento do goleiro acho que foi ainda mais contra o objetivo de aumentar o número de gols, pois era uma arma muito forte para o contra-ataque”.

João Miyake auxiliar técnico da AD Indaiatuba, concorda com as mudanças relacionadas ao ‘GL’:

Para o goleiro-linha, acho que ficou excelente, pois não vamos ter mais aquele jogo de cinco contra quatro desde o início. Lateral com as mãos: pra mim e voltar no tempo pois teremos mais bolas alçadas na área e com isso os choques de cabeça irão acontecer frequentemente, muito mais nas crianças.

Tiro de meta tocar na quadra de defesa: esta mudança foi a que mais gostei, pois vamos voltar a ter jogos de futsal novamente, uma vez que os times terão que se virar e sair com a bola lançada na defesa e chegar no gol adversário jogando e não lançando a bola direto pro ataque.

OBS: Antigamente jogávamos em uma quadra de 30 x 15 e não se alertava no jogo existia muito improvido, dribles, aproximação, finalização (coisas que perdemos com o decorrer do ano com o aumento das quadras com as bolas excessiva no goleiro para o mesmo lançar pra frente)

Rodrigo Perdigão, Coordenador da Seleção Brasileira de Futsal, na categoria sub-17, afirma que a cobrança de lateral com as mãos, é desnecessária:

Para mim, traz sensação de retrocesso, já no goleiro-linha, não muda absolutamente nada em relação ao fim do jogo passivo (justificativa para a mudança). Basta adiantar o goleiro e manter a posse de bola. Goleiros que possuem a característica de jogar com os pés continuarão jogando como jogavam.

Quanto ao arremesso de meta é extremamente útil até os 17 anos. A partir do sub-20, vejo como uma diminuição das possibilidades de gols oriundos de lançamentos de goleiros em reposições de bola rápidas. Já os cinco pênaltis, para mim, está ok”.

Campeão paraense com o Tubarão CFZ, o técnico Diego Almeida, diz que no futsal existem outras prioridades:

Acredito que a FIFA tinha que se preocupar com outras coisas, como investimento em países onde a modalidade está em desenvolvimento. A alteração em relação ao goleiro-linha deveria ter um tempo limite para o goleiro em quadra e não apenas quando a equipe estiver perdendo. O lateral e escanteio não concordo”.

Para Willer Fernandes, técnico do Mogi Futsal, as alterações são incoerentes:

“Eu não gostei. Achei incoerente. Se mudaram a regra com a intenção de acontecerem mais gols. Como podem limitar o lançamento do goleiro. Muitos gols saem da reposição do goleiro, numa ligação rápida de contra-ataque. Não tem coerência a alegação do porque dá mudança com a realidade.

Sobre os laterais e escanteios com as mãos e o goleiro-linha só para o time que está perdendo. também não trazem benéfico algum para o esporte.

O goleiro-linha na sua maioria das vezes, já é usado pelo time que está em desvantagem no placar, e o lateral e escanteio com as mãos também não consegui ver qual o benefício. Para mim só vai parar mais o jogo com as muitas reversões que teremos com laterais com as mãos. Principalmente nas categorias de base, com quadras menores”.

João Carlos Barbosa, o ‘Banana’, hoje no MFC Prodexim, da Ucrânia, diz que estas mudanças são válidas:

Porém, penso que o lateral ser opcional – tanto com as mãos como com os pés – pode dificultar muitas vezes a própria arbitragem e logicamente as equipes. Não vejo uma boa solução.  Poderia ser definida ou com os pés ou propriamente com as mãos!

Em relação à regra dos goleiros só poderia evitar de botar o goleiro-linha para controlar a partida, porque não pode tirar o brilhantismo desse jogo, até porque vejo muitas equipes ganhando e botando para continuar a ganhar, e logicamente, muitas equipes com goleiro-linha excelente. O restante não vejo que vai afetar o brilhantismo do jogo”.

Bruno Murari, da ADC Intelli/Paraíso, também opina sobre o assunto:

Eu achei as quatro mudanças válidas, apesar de a questão das bolas paradas ser um pouco polêmica acredito que uma avaliação agora é um pouco precipitada, pois, não dá para saber como vai saber dentro do Jogo, de repente pode criar um dinamismo diferente, vai aumentar a quantidade de lances polêmicos dentro da área e com certeza as chances de gol!

“E para complementar sobre as outras três mudanças, acho que eles são pontuais e essenciais, o jogo de posse com goleiro-linha deixa o jogo chato, a disputa por pênaltis fica mais justa, e sem as transferências diretas do goleiro o dinamismo com certeza aumenta”.

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